sábado, 13 de fevereiro de 2010

ONCOLOGISTAS AUSTRALIANOS CRITICAM A QUIMIOTERAPIA

Um importante artigo foi publicado no jornal Clinical Oncology (Oncologia Clínica). Esta meta-análise, intitulada “A Contribuição da Quimioterapia Citotóxica para 5 anos de sobrevida nas Malignidades em Adultos” propõe-se a quantificar e a avaliar exatamente o benefício real conferido pela quimioterapia no tratamento de adultos que possuem os tipos mais comuns de câncer. Embora o artigo tenha atraído alguma atenção na Austrália, o país nativo do autor desse artigo, foi acolhido com silêncio completo neste lado do mundo.

Todos os três autores do artigo são oncologistas. O autor líder, Professor Associado Graeme Morgan, é oncologista especializado em radioterapia no Hospital Royal North Shore de Sydney. O Professor Robyn Ward é medico oncologista na Universidade de New South Wales/ Hospital Saint Vincent. O terceiro autor, Dr. Michael Barton, é oncologista especializado em radioterapia e membro da Collaboration for Cancer Outcomes Research and Evaluation (Colaboração para Avaliação e Pesquisa dos Resultados do Câncer) do Serviço de Saúde de Liverpool em Sydney. O Professor Ward também é membro da Therapeutic Goods Authority of the Australian Federal Department of Health and Aging (Autoridade de Boas Terapêuticas do Departamento Federal Australiano de Saúde e do Envelhecimento), órgão oficial que recomenda ao governo Australiano sobre a conformidade e a eficácia dos medicamentos a serem incluídos na Pharmaceutical Benefits Schedule (PBS) (Programa de Benefícios Farmacêuticos) da Austrália – em termos aproximados, o equivalente ao FDA (Food and Drug Administration) dos EUA.

Seus estudos meticulosos foram baseados na análise dos resultados de todos os testes clínicos aleatórios controlados (RCTs) realizados na Austrália e nos EUA que relataram um aumento estatístico significativo na sobrevida de 5 anos devido ao uso da quimioterapia em malignidades de adultos. Os dados selecionados foram extraídos dos registros de câncer australianos (Australian cancer registries) e dos registros da US National Câncer Institute´s Surveillance Epidemiology and End Results (SEER) (Vigilância Epidemiológica e Resultados Finais do Instituto Nacional de Câncer dos EUA) (abrangendo o período de Janeiro de 1990 até Janeiro de 2004.

Sempre que os dados não eram confiáveis, os autores pecaram deliberadamente para superestimar o benefício da quimioterapia. Mesmo assim, o estudo concluiu que, no total, a quimioterapia contribuiu somente com 2% para melhora da sobrevida de pacientes com câncer.

Contudo, apesar da evidência estruturada da falta de efetividade da quimioterapia em prolongar a sobrevida, os oncologistas continuam a apresentar a quimioterapia como uma abordagem racional e promissora no tratamento do câncer.

"Alguns médicos ainda permanecem otimistas que a quimioterapia citotóxica melhorará significativamente a sobrevida dos pacientes com câncer”, escreveram os autores em sua introdução. “Entretanto, apesar do uso de drogas novas e onerosas, de uso único ou combinado, para melhorar os índices de resposta ... houve pequeno impacto no uso de tratamentos mais recentes" (Morgan 2005).

Os autores australianos continuam: "... em câncer de pulmão, a mediana de sobrevida aumentou somente 2 meses (durante os últimos 20 anos) e obteve-se um benefício de sobrevida geral de menos de 5% no tratamento adjuvante do câncer de mama, cólon, cabeça e pescoço”.

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